Autoridades confirmaram o naufrago de um navio com 276 pessoas próximo à Ilha de Creta na manhã de ontem. A embarcação estava no 14º dia de viagem e tinha como rumo a Itália. As primeiras informações dão conta de que o navio transportava prisioneiros sob a guarda de um oficial romano identificado apenas como Júlio, capitão do Regimento Imperial.
A viagem dos prisioneiros teve início em outro navio, que partiu do porto de Adramítio. Por ser uma viagem longa, várias paradas estavam programadas.
Um dos prisioneiros é um homem que ficou conhecido como Paulo, um soldado perseguidor de pessoas que seguiam a Jesus Cristo, mas que acabou se tornando um dos seguidores após ter uma visão do próprio Jesus. Durante a viagem, Paulo se tornou pessoa de confiança do capitão Júlio que, inclusive, permitiu que ele desembarcasse em Sidom para visitar amigos e receber material de ajuda para prosseguir a viagem.
A viagem em mar aberto passou pelo litoral da Cilícia e da Panfilia. Em Mirra, na província de Lícia, o oficial no comando encontrou um navio egípcio, de Alexandria, que estava de partida para a Itália e embarcou os prisioneiros.
A partir de então, a embarcação passou por dificuldades durante os dias de viagem por conta dos ventos fortes. “Estávamos perdendo muito tempo. As condições climáticas estavam se tornando perigosas para a navegação, pois aproximava o fim do outono”, disse um dos viajantes.
Diante da tempestade, Paulo alertou ao oficial responsável pelos presidiários para abortar a viagem devido ao mau tempo e disse que haveria grande perigo para o navio, a carga e às vidas dos passageiros caso insistissem em continuar a viagem. O oficial, no entanto, preferiu acreditar no capitão do navio e no proprietário da embarcação que também estava na viagem.
Ao deixarem Bons Portos, o navio foi costeando Creta, mas o tempo virou rapidamente trazendo um grande furacão. Como os marinheiros não conseguiram manobrar o navio para ficar de frente para o vento, desistiram e deixaram que a embarcação fosse levada pela tempestade.
Como os ventos não cessavam já havia dias, a tripulação passou a jogar a carga no mar, e até mesmo objetos da embarcação. “Os senhores deveriam ter me dado ouvidos no princípio e não deixado Bons Portos. Teriam evitado todo este prejuízo e esta perda. Mas tenham bom ânimo. O navio afundará, mas nenhum de vocês perderá a vida”, afirmou prevendo o fim da viagem, mas orientando que a embarcação fosse impulsionada para uma ilha.
A embarcação foi levada de um lado para o outro pelo vento forte no mar Adriático e os marinheiros perceberam que estavam perto de terra firme. Eles lançaram a sonda e verificaram que a água tinha 37 metros de profundidade e, posteriormente, lançaram novamente e perceberam que havia diminuído para 27 metros.
Na manhã de ontem, na tentativa de atracar as âncoras foram cortadas e deixadas no mar, depois afrouxaram as cordas que controlavam os lemes levantaram a vela da frente e foram à praia. Ocorro que o navio foi apanhado por duas correntezas contrárias e encalhou antes do esperado. A parte frontal encalhou e ficou imóvel, enquanto a parte de trás começou a se despedaçar, atingidas pela força das ondas.
Soldados que faziam a guarda dos prisioneiros levantaram a possibilidade de mata-los para não fugirem, mas o oficial não permitiu que o plano fosse executado. Muitos prisioneiros que sabiam nadar se jogaram ao mar e chegaram até a praia salvos. Os demais se agarraram em tábuas do próprio navio e também conseguiram se salvar
(A história acima pode ser encontrada no capítulo 27 de Atos dos Apóstolos)